terça-feira, 21 de setembro de 2010

Doía mais um pouco a cada dia

Entendeu que não havia mais lugar pra ela em qualquer canto daquele mundo conhecido.

Lucy estava com a cabeça rodando há semanas, mal tinha tido tempo de digerir os últimos acontecimentos, mas a Terra não parava de girar e mais coisas acontecerem.
Seu corpo explodia em vermelhos e cor-de-rosa, numa mistura de tons que doíam. Algumas coisas tinham se quebrado, outras ainda podiam ser coladas no futuro, quem sabe? Mas o pior de tudo é que não havia mais lugar pra ela naquele mundo. Tornara-se a vilã, a tecelã de todas as maldades a que o mundo estivera submetido nos últimos 30 anos. Não havia redenção. Não havia fuga. Não havia perdão. Não havia compreensão.

Uma pessoa pode ser julgada e condenada por querer levar sua própria vida da maneira que julga mais correta? Uma pessoa não pode estar sujeita a erros e mudar de idéia no final? O julgamento da tribo tem que ser o definitivo em relação a todos os temas? A vida tem que ser feita de separações?

Naquela madrugada algumas coisas se perderam entre galáxias inalcansáveis. Ficaram para sempre perdidas.

Doía todas as dores de um mundo que de uma hora para outra tornara-se injusto. Doía todas as dores de um coração que se vê abandonado e incapaz de agradar a quem quer que seja. Doía todas as dores da solidão.